Cancer de Vulva: Aumento Global Preocupante e Falta de Discussão

## Cancer de Vulva: Aumento Global Preocupante e Falta de Discussão

Nos últimos dez anos, o Brasil tem presenciado um aumento alarmante nos casos de câncer de vulva. De acordo com o Painel Oncologia do DataSUS, os registros anuais saltaram de 405 em 2013 para 1.436 em 2023, representando o maior crescimento já registrado. Esse aumento é especialmente preocupante entre mulheres jovens. Em 2013, apenas 13,6% das mulheres diagnosticadas tinham menos de 48 anos, a média de idade de início da menopausa no Brasil. Em 2022, esse número subiu para 22,4%, levantando um alerta sobre a mudança no perfil das mulheres que desenvolvem a doença.

Essa tendência de crescimento não se limita ao Brasil. Em julho deste ano, a revista médica Obstetrics & Gynaecology reportou que, em 2020, houve cerca de 18 mil novos casos de câncer de vulva no mundo, com taxas especialmente altas na África e em partes da Ásia, onde a incidência é quatro vezes maior do que no Sudeste Asiático.

Por que o câncer de vulva ainda é um tema tão pouco abordado?

Segundo o Dr. Ramon de Mello, oncologista membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, o câncer de vulva é uma doença rara, representando apenas 2% dos tumores ginecológicos. A falta de campanhas de prevenção e o tabu em torno das doenças ginecológicas contribuem para o baixo conhecimento sobre o câncer de vulva entre as mulheres.

Entendendo o Câncer de Vulva

O câncer de vulva é caracterizado por lesões na região da vulva, a parte externa da vagina, que inclui o clitóris, abertura uretral, lábios maiores e menores, vestíbulo vulvar e monte de Vênus. Os principais fatores de risco incluem:

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Vírus HPV (Papilomavírus Humano):

A infecção pelo HPV é considerada o principal fator de risco para o câncer de vulva.
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Tabagismo:

O tabagismo aumenta significativamente o risco de desenvolver a doença.
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Histórico de lesões pré-cancerosas na região da vulva:

Mulheres que já tiveram lesões pré-cancerosas na vulva têm maior risco de desenvolver a doença.
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Idade acima de 50 anos:

A incidência do câncer de vulva aumenta com a idade, sendo mais comum após os 65 anos.
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Mulheres imunocomprometidas:

Mulheres com doenças que afetam o sistema imunológico têm maior risco de desenvolver o câncer de vulva.

Sintomas e Diagnóstico

Os sintomas mais comuns do câncer de vulva incluem:

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Lesões visíveis:

Úlceras, nódulos e verrugas na região da vulva.
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Coceira persistente:

Pode evoluir para dor ou desconforto.
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Manchas:

Alterações na cor da pele da vulva.
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Sangramentos:

Sangramento vaginal anormal, especialmente após a relação sexual.
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Inchaço da vulva:

Inchaço ou edema na região da vulva.

É importante destacar que o câncer de vulva nem sempre apresenta sintomas precoces. O diagnóstico geralmente é feito com o exame físico da vulva. Em casos de suspeita, pode ser realizada uma vulvoscopia, um exame que permite avaliar as lesões de forma ampliada, utilizando um colposcópio. Se forem encontradas lesões sugestivas de malignidade, uma biópsia será realizada para confirmar o diagnóstico.

Tratamento

O tratamento do câncer de vulva geralmente envolve cirurgia, além de radioterapia e quimioterapia, dependendo do estágio da doença. O tratamento deve ser individualizado, levando em consideração a extensão da doença, o histórico médico e o estado de saúde geral da paciente.

Prevenção

A prevenção do câncer de vulva é essencial e inclui:

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Vacinação contra o HPV:

A vacina contra o HPV é fundamental para prevenir a infecção pelo vírus, principal fator de risco para o câncer de vulva.
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Consultas ginecológicas regulares:

Consultas regulares com um ginecologista permitem a detecção precoce de qualquer alteração na região da vulva.
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Manter hábitos de higiene íntima adequados:

A higiene íntima adequada ajuda a prevenir infecções na região genital.
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Prática de sexo seguro:

O uso de preservativos durante as relações sexuais ajuda a prevenir a transmissão do HPV.
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Evitar o tabagismo:

O tabagismo é um fator de risco para o câncer de vulva e deve ser evitado.
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Estilo de vida saudável:

Uma dieta equilibrada, exercícios físicos regulares e o controle do peso ajudam a fortalecer o sistema imunológico e diminuir o risco de desenvolver o câncer de vulva.

O câncer de vulva é uma doença séria, mas com detecção precoce e tratamento adequado, as chances de cura são significativamente maiores. A conscientização sobre a doença e a importância da prevenção são fundamentais para garantir a saúde da mulher.

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